Comentário de João 19:29

Ora, estava ali, pois, um vaso cheio de vinagre,... Em um local próximocomentario biblico, evangelho de joão, novo testamento, como Nonnus observa, não de propósito, para o bem dos que foram crucificados, seja para refrescar os seus espíritos, ou para parar o sangramento, o que poderiam fazer para continuar a sua miséria; mas para a utilização dos soldados que crucificaram Cristo, o vinagre sendo parte do subsídio dos soldados romanos (m), e que eles utilizavam para beber: às vezes era misturado com água, cuja mistura era chamada “Posca” (n), e era o mesmo que os seus generais utilizavam às vezes; como Scipio, Metellus, Trajano, Adrian, e outros: vinagre também era utilizado pelos Judeus para a bebida, como vemos em Rt. 2:14 e “mergulhar teu bocado no vinagre”, em que tinha os ceifeiros de Boaz com eles no campo, “por causa do calor”, como dizem os comentadores (o); que era bom para esfriar e saciar a sede, razão pela qual os soldados aqui oferecem a Cristo, embora a paráfrase Caldeia no lugar acima se refira a um tipo de molho ou mingau cozido em vinagre, um tal de “Embamma” feito de vinagre, que os romanos tinham, em que eles mergulhavam seus alimentos (p), mas isso aqui parece ser puro vinagre, e parace ser diferente do que os outros evangelistas falam, que foi misturado com fel, ou era vinho azedo com mirra, Mat. 27:34. O vinagre é realmente bom para reviver o espírito, e hissopo, que depois é mencionado, é uma erva de um cheiro doce, que os outros evangelistas fazem menção, que era o doce cálamo, como alguns pensavam, que eles foram todos de uma refrescante natureza: o vinagre também foi utilizado para parar o sangue (q), quando ele escorria das feridas em uma grande quantidade; e com a mesma utilização, esponjas, daí Tertuliano (r) menciona “spongias retiariorum”, ou esponjas dos protetores, que eles tinham com eles para impedir qualquer derrame de sangue que deveria ser feito nos respectivos executados; mas, no entanto, dificilmente pode ser pensado que estas coisas deviam ser preparadas para estas finalidades na crucificação, e seria ainda mais terrível querer prolongar a vida das pessoas nesse estado tão miserável, o que seria uma chocante barbaridade, e especialmente tal disposição jamais seria feita neste momento, uma vez que os Judeus sabiam que o sábado estava próximo, e que eles estavam com pressa para que as execuções terminassem, para que os corpos não permanecessem na cruz nesse dia, razão pela qual eles não fazem nada, neste momento, para prolongar a vida dos malefaitores; pelo que é mais razoável que este vasso de vinagre não foi definido para qualquer finalidade, mas foi para a utilização dos soldados, e, portanto, estando este próximo quando Cristo demonstrou que estava com sede, lhe foi oferecido um pouco da seguinte maneira:

E eles encheram uma esponja com vinagre;... Sendo da natureza de uma esponja (que Nonnus aqui chamadas βλαστημα θλασσης “um ramo do mar”, porque ele cresce lá) que engoli tudo o que é líquido, e que pode ser espremida e novamente sugar; consequentemente, os Judeus dizem (s) de, ספוג שבלע משקין, “uma esponja que engole os líquidos”, e é utilizada para essa finalidade; “colocá-la sobre o hissopo”, significando não o suco do hissopo, que alguns têm pensado, onde a esponja com vinagre foi colocada, mas a erva, e uma haste dela: os outros evangelistas dizem que foi colocado “em uma cana”, significando que tanto a esponja com o hissopo foram colocadas sobre uma cana, e assim lhe dado, ou melhor, era um caule de hissopo, que era como um junco ou cana; e, neste país da Judéia crescia muito abundantemente, suficiente para tal finalidade. O hissopo com os Judeus não foi contado entre as ervas, mas entre as árvores, ver 1Reis 4:33, e eles falam (t) do hissopo que é ajuntado לעצים como “madeira”, os caules das quais devem ter, portanto, uma certa dimensão, sim, eles chamam (u) um talo que tem no topo, קנה, “um junco”, ou cana; observação que parece conciliar com os outros evangelistas: eles diferenciavam o hissopo deles, que era próprio para uso daquela que tinha um epíteto aderida a ela, como o hissopo romano, hissopo grego, e o hissopo selvagem e bastardo (w): alguns escritores (x) observam até mesmo de nosso hissopo comum, que por vezes tem caules de nove polegadas de comprimento, ou mais, que é dura e lenhosa, com uma das quais um homem com os braços esticados, eventualmente, chegaria a boca de uma pessoa em uma cruz: qual era a altura das cruzes geralmente não se sabe, nem havia qualquer medida fixa para elas; às vezes eram mais elevadas e, por vezes, menor; a cruz ou forca feita por Haman para Mordecai era realmente muito elevada, e a boca de uma pessoa não poderia ter sido alcançado com um caule de hissopo; mas uma como a que foi erguido para os filhos de Saul poderia, cujos corpos nela poderiam até mesmo ser alcançados pelas bestas do campo, 2Sam. 21: 10, e assim a cruz sobre a qual Blandina, a mártir sofreu, como a igreja em Lions relata (y), quando na cruz, ela ficou exposta as bestas de rapina, e tornou-se alimento para elas: pois para que não haja necessidade de se supor que haja qualquer culpa no texto, e que em vez de “hissopo” deve ser lido “hissos”, que era uma espécie de dardo dos romanos chamam de “Pilum”,
[1] cerca de cinco ou seis pés de comprimento, que, supõe-se, que um dos soldados poderia ter, e sobre ela colocar o hissopo com a esponja e vinagre, mas essa conjectura não é suportada por qualquer cópia, ou antiga versão; a versão siríaca, que é uma muito antiga, lê “hissopo”. As versões Persa e Árabe vertem “uma cana”, tal como nos outros evangelistas, e a versão Etíope traduz, “eles encheram um esponja com vinagre, e foi fixada envolta com hissopo, e eles abundaram envolta dele na cana”, e assim alguns tem pensado que uma maço de hissopo foi preso ao redor com a esponja de vinagre, que foi preso ao topo de uma cana; e as palavras poderão ser vertidas; “cercando com hissopo”: esses eles poderiam obter dos jardins, que eram próximos a esse lugar, ou podiam crescer no próprio monte; pois nós somos informados (z) que ele crescia em grande abundância nas montanhas perto de Jerusalém, e que seus ramos eram quase um cúbito de largura. Josefo (a) faz menção de uma aldeia para além da Jordânia chamada Betezube, que, como diz ele, significa a casa de hissopo, talvez chamado assim a partir da grande quantidade de hissopo que crescia perto dela:

E colocaram em sua boca;… Quer Cristo tenha bebido quer não, não é certo; parece pelo que se segue como se ele bebesse; pelo menos ele a tomou, sendo oferecida a ele: os Judeus mesmos dizem (b) que Jesus disse: dei-me um pouco de água para beber, e eles deram-lhe חומץ חזק, “vinagre forte”; que nem de longe concorda com o relato evangélico histórico.


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Notas

(m) Julian. Imperator. Epist. 27. p. 161. Vid. Lydium de re militari, l. 6. c. 7. p. 245.
(n) Salmuth. em Panciroll. rerum memorab. par. 1. Tit. 53. p. 274.
(o) Jarchi & Aben Ezra in loc.
(p) Salmuth. ib. par. 2. Tit. 2. p. 83.
(q) Plin. Nat. Hist. l. 31. c. 11.
(r) De Spectaculis, c. 25.
(s) Maimon. in Misn. Sabbat, c. 21. sect. 3. Misn. Celim, c. 9. sect. 4.
(t) Misn. Parah, c. 11. sect. 8. Maimon. Hilch. Parah Adumah, c. 11. sect. 7.
(u) Gloss. in T. Bab. Succa, fol. 13. 1.
(w) Misn. Parah, c. 11. sect. 7. Negaim, c. 14. 6. T. Bab. Succa, fol. 13. 1. & Cholin, fol. 62. 2.
(x) Dodonaeus, l. 4. c. 19.
(y) Apud Euseb. Eccl. Hist. l. 5. c. 1. p. 161. Vid. Lipsium de Cruce, l. 3. c. 11.(z) Arabes Lexicograph. apud de Dieu in loc.
(a) De Bello Jud. l. 6. c. 3. sect. 4.
(b) Toklos Jesu, p. 17.
[1] Veja notas em João 19:29 na Bíblia de Jerusalém. – N do T.