Comentário de João 12:33-34

12:33 - Isso ele disse,… Essas são as palavras do evangelista, interpretando o significado das palavras de Cristo acima, pois Jesus disse essas coisas…comentario do evangelho de João, comentario biblico

Referindo-se a que tipo de morte ele morreria;... A frase de ser erguido da terra, não apenas significando a sua morte, mas o tipo de morte, ou a maneira que deveria ser, por meio da crucificação; uma pessoa crucificada sendo esticada pelos braços em cima de uma cruz, e erigida, levantada entre os céus e a terra.

12:34 - As pessoas lhe responderam,… Não os gregos, mas os judeus, e não aqueles que eram seus amigos, mas os seus rivais:

Nós ouvimos da lei;… Não os cinco livros de Moisés, mas os profetas, e a Hagiografia; e mesmo todos os livros do Antigo Testamento que são chamados lei; veja notas de Gill em João 10:34.

Que o Cristo permanece para sempre;... Referindo-se aos lugares que falam da perpetuidade do seu sacerdócio e à duração do seu reino eterno, Sal. 110:4, no último texto, a menção é feita do filho do homem, e que este e o primeiro podem ser mais especialmente referidos, a partir daí, parece que estas passagens eram entendidas do Messias pelos antigos judeus: eles sabiam que ele foi projetado em Sal. 110:4. Ele é o Senhor de Davi, que lhe foi sugerido sentar-se à mão direita de Jeová, depois que ele foi levantado dentre os mortos, e que tinha subido ao alto, cujo Evangelho foi dado com poder, e cujo povo, por isso, tornou-se disposto a submeter-se a ele, a sua justiça, e o cetro de seu reino, e que também é um sacerdote para sempre, e que se recorreu a isso como uma prova da natureza, espécie, e a duração do sacerdócio de Cristo, Heb. 5:6, e assim pode ser observado que é expressamente aplicado a ele pelos escritores judaicos: em Zac. 4:14 diz: "estes são os dois ungidos, que estão de pé ao lado do Senhor de toda a terra", de que esta interpretação é dada (f):

"Estes são Arão e o Messias, e que não seria conhecido que um deles é (mais) amado, mas que ele diz, Sal. 110:4: "o Senhor tem jurado, e não se arrependerá, tu és um sacerdote para sempre"; a partir daí, é manifesto que o Messias é mais amado do que Arão, o justo sacerdote.''

E outro deles (g), falando de Melquizedeque, diz:

“Isso é o que está escrito, Sal. 110:4, “o Senhor tem jurado”, etc. Que é esse? Esse é aquele que é justo, e tendo a salvação, o Rei Messias, como é dito, Zac. 9:9.”

Portanto, o Salmo 45 é entendido por eles do Messias, o Rei, em Sal. 45:1, é por Ben Meleque, dito ser o Rei Messias; Sal. 45:2 é, assim, parafraseado pelo Targum:

“Tua beleza, ó Rei Messias, é mais excelente do que os filhos dos homens.”

E observa Aben Ezra, que este salmo é, ou relativo a Davi, ou o Messias, o seu filho, cujo nome é Davi, Eze. 37:25 (h), e da passagem em Sal. 72:17 é frequentemente interpretada do Messias e seu nome, e é trazido como uma prova da antiguidade dele (i), e Sal. 89:36 também é aplicado a ele, e quanto a Dan. 7:13, que é, por muitos, tanto antigos como modernos judeus, explicado do Messias (k), e desde então eles compreenderam estas passagens dele, e é fácil observar a partir de onde se tirou essa idéia de que o Messias deveria permanecer eternamente, mas então eles também deveriam ter observado a partir da mesma lei, ou Santas Escrituras, que o Messias tinha de ser decepado, que ele seria levado ao pó da morte, e que sua alma seria levada até a morte, tudo o que é consistente com o fato dele permanecer para sempre, na sua pessoa e ofício; apesar de que, de acordo com o referidos escritos, ele devia morrer e ser enterrado, mas ele não deveria ver a corrupção,
[1] e que ele foi assim novamente levantado para a vida, que ele subiria ao alto, sentando-se à mão direita de Deus, e todos os seus inimigos se curvariam ao escabelo dos seus pés; seus sofrimentos deviam estar a caminho, e isso tendo em vista a sua entrada para a glória que deve sempre permanecer. Os judeus têm uma noção de que o Messias, o filho de Davi, não morreria, e que assim eles estabelecem como uma regra, de que se alguém se estabelece como um Messias, e que não prospera, mas morre, é um simples caso de que não era o Messias, assim todos os sábios, à princípio, pensavam que Ben Coziba era o Messias, mas quando ele foi morto, ficou evidente para eles que ele não era (l). E sobre este princípio, estes judeus enfrentam o Messias Jesus, dizendo:

E como dizes tu: o filho do homem deve ser erguido? Pois parece que Cristo usou a frase, o filho do homem, no seu discurso, embora João não o tenha registrado; pois ele presta atenção ao seu sentido, e não as palavras expressas dele. Os judeus o entenderam justamente, que pelo filho do homem, ele quis dizer o Messias, e pelo ser dele erguido, a sua morte; mas eles não entenderam como o Messias poderia morrer, e ainda assim permanecer para sempre; e então, visto que ele se referiu a si mesmo pelo termo filho do homem, eles concluíram que ele falou muito incompativelmente com as Escrituras, e com o caráter que assumiu ele, e perguntam...

Quem é esse filho do homem? Existe qualquer outro filho do homem além do Messias? E pode o filho do homem, que é o Messias, ser levantado, ou morrer, a quem se diz que permanecerá para sempre? E, se tu serás levantado, ou morrerás, tu não és o Messias, ou o filho do homem de Daniel,
[2] cujo reino é eterno:[3] mas como podem os judeus dizer que os dias do Messias, de acordo com alguns, que são quarenta anos, de acordo com outros, setenta, de acordo com outros, trezentos e sessenta e cinco (m)? Sim, eles dizem que ele será como os outros homens, casando, tendo filhos, e depois morrendo (n). E como pode ser que o Messias Ben Josefo foi assassinado (o)? A verdade é esta, que depois de terem perdido o verdadeiro sentido das profecias relativas ao Messias, e observando algumas que parecem diferenciar, e que eles não sabem como conciliar, eles têm imaginado dois messias, o que será muito angustiado e dominado e morto, e o outro, quem vai ser potente e vitorioso.



_____________
Notas

(f) Abot R. Nathan, c. 34.
(g) R. Moses Hadarsan em Galatin. de cath. ver. l. 10. c. 6.
(h) Vid. Tzeror Hammor, fol. 49. 2.
(i) T. Bab. Pesachim, fol. 54. 1. Nedarim, fol. 39. 2. Bereshit Rabba, fol. 1, 2. Echa Rabbati, fol. 50. 2. Pirke Eliezer, c. 32.
(k) Zohar em Gen. fol. 85. 4. Bemidbar Rabba, sect. 13. fol. 209. 4. Jarchi & Sandiah Gaon em Dan. vii. 13. & R. Jeshua em Aben Ezra em ib.
(l) Maimon Hilchot Melacim, c. 11. sect. 3, 4. Vid. Bereshit Rabba, sect. 98. fol. 86. 2.
(m) T. Bab. Sanhedrin, fol. 99. 1.
(n) Maimon. in Misn. Sanhedrin, c. 11. sect. 1.
(o) T. Bab. Succa, fol. 52. 1.
[1] Cf. Atos 2:27. N do T.
[2] Cf. Daniel 7:13. N do T.
[3] Cf. Daniel 2:44. N do T.