Comentário de João 10:31-33

10:31 - Então os Judeus apanharam pedras novamente para apedrejá-lo. Assim como eles tinham feito antes; veja notas de Gill em João 8:59.comentario do evangelho de João, comentario biblico

10:32 - Jesus lhes respondeu: muitas obras boas,… Tais como curar os doentes e todas as sortes de doenças; expulsando os demônios, limpando os leprosos, dando luz aos cegos,[1] fazendo os mudos falarem, os surdos ouvirem, e os coxos andarem; que não eram apenas obras de poder, mas de misericórdia e benevolência; e, portanto, são chamadas obras, bem como elas são grandes e milagrosas:

Tenho eu mostrado de meu Pai;… Que Cristo fez no nome e pela ordem e autoridade do Pai; que lhe deu para fazer, e as fez por Ele; e que eram evidentes e notórios, e foram feitas de maneira mais aberta e publicamente, de forma que elas não poderiam ser negadas:

Por quais dessas obras me apedrejais? Sugerindo que sua vida pública tinha sido uma série contínua de tais tipos de ações para com os filhos dos homens, e não podia ser nada mais seguro, de forma que eles apanharam pedras para apedrejá-lo; portanto, a forma em que eles agiam era a mais ingrata, cruel e bárbara possível.

10:33 - Os Judeus lhe responderam, dizendo:… Como segue:

Não por uma boa obra que nós te apedrejamos: Eles não podiam negar que ele tinha feito muitas obras boas;[2] elas eram muito evidentes para serem negadas; ainda assim eles não admitiam; e embora não conseguissem esconder o ressentimento deles, ainda assim eles ficaram embaraçados e inquietos com essas obras, mas escolheram dar uma outra razão de apedrejá-lo:

Mas por blasfêmica;… O que requeria a morte por apedrejamento, de acordo com Lev. 24:16, e de acordo com a lei Judaica oral (q):

E porque embora sejas um homem, te fazes Deus;… O qual eles concluíram muito justamente, por causa da sua declaração, João 10:30, que Deus era o seu Pai, e que ele e o seu Pai eram um; quer dizer, em natureza e essência, e então ele deve ser Deus; embora esta não fosse nenhuma blasfêmia, mas uma real verdade, como é feito daqui por diante; nem há nisso qualquer contradição entre ser ele homem e Deus; ele real e verdadeiramente é homem, embora não seja um mero homem, como sugeriram os judeus; mas é verdadeiramente Deus, como também homem, e é Deus e homem em uma pessoa, a natureza divina e humana estão unidas nele e da qual eles eram totalmente ignorantes: dois enganos eles parecem ser culpados nesse sentido; um que Cristo era um mero homem, o outro que ele se fez Deus, ou assumiu uma deidade que não lhe pertencia e então ele não deve ser culpado de blasfêmia; pois nenhuma dessas acusações eram verdadeiras: a frase é usada pelos judeus com respeito a outros que levaram sobre si mesmos o título de Deus; a partir de Hiram rei de Tiro,[3] de quem dizem eles שעשה עצמו אלוה, "que ele se fez Deus" (r); o mesmo eles dizem de Nabucodonosor;[4] e os judeus modernos ainda continuam a culpar Jesus da mesma coisa, como fizeram os antepassados deles, e expressam isto no mesmo idioma, e dizem dele, que ele era um homem, e se estabeleceu como Deus (s).


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Notas

(q) Misn. Sanhedrin, c. 7. sect. 4.
(r) Bereshit Rabba, sect. 96. fol. 83. 4. & Tzeror Hammor, fol. 134. 4.
(s) Aben Ezra in Gen. xxvii. 39. & Abarbinel Mashmia Jeshua, fol. 5. 1.
[1] Cf. João cap. 9. N do T.
[2] Cf. João 11:47. N do T.
[3] Cf. Ezequiel 28:13-16. N do T.
[4] Cf. Isaías 14:12-14. N do T.