IV. Destino da carta.

Pelas palavras inicias do escritor podemos declarar que ela foi escrita “aos chamados que são amados em relação com Deus... e preservados para Jesus Cristo.” (Judas 1.1) Quem eram este especificamente não tem como dizer apenas pelo texto mencionado, mas podemos levar algumas coisas em consideração. O fato de Judas não usar nenhuma citação da LXX (Septuaginta), mas sempre direto do texto hebraico, como também ter mencionado muitos exemplos do A.T, tem levado muitos a acreditar que esta carta foi escrita primariamente aos Judeus cristianizados. No entanto, o fato dele não citar a LXX não tem nada a ver com o fato de seus leitores serem ou não cristão. Por exemplo, a carta de Paulo aos Hebreus [1] está cheia de citações à Septuaginta, faz isso com que a carta fosse dirigida primariamente aos cristãos gentios? É obvio que não, pois até mesmo o título da carta denunciaria isso. Da mesma forma, o fato de Judas não citar a LXX não quer dizer em nada que seus leitores eram Judeus.

Com respeito as suas menções aos relatos contidos no A.T, isso também não quer dizer que seus leitores fossem forçosamente Judeus cristianizados. Até mesmo outras cartas, como a carta de Paulo aos Romanos, mencionam tanto exemplos e citações do A.T, que, se fossemos levar por este lado, chegaríamos à conclusão de que Paulo escreveu também a Judeus, no entanto, mais uma vez, é mais do que obvio que aquela epístola fora escrita aos romanos, como nos diz o próprio nome da carta. O que podemos ter certeza é que a congregação cristã, como um todo, estava correndo perigo pela apostasia e a imoralidade, e podemos assim considerá-la uma carta geral, escrita para ser lida em todas as congregações do primeiro século da nossa era.





Notas:
[1] Embora haja muita discussão sobre a autoria da Epístola de Hebreus, acredito pessoalmente ter sido ela escrita pelo apóstolo Paulo.